JESUS, DEUS SERVIDOR (Mt 20, 17-28)

Vivemos num mundo de constantes disputas, brigas, violências desmedidas, que geram guerras, que ceifam vidas inocentes, dominação de uma nação contra a outra, disputas internas por ideologias, facções politicas, religiosas, enfim, o ser humano vive buscando poder. O poder de domínio, de mandar, subjugar o outro. Esta sede de poder está no DNA, de cada um de nós. Às vezes aparece de forma sútil, em ideologias religiosas, ou politicas; em maneira gentil de se expressar, outras vezes violenta, ou por aparente “humildade”.
Jesus no evangelho diz aos seus discípulos que eles não devem seguir os exemplos dos líderes que gostam de serem tratados como senhores, ao contrário, os discípulos, quanto mais alta a função, deverão vivê-la na atitude de servo, não apenas nas ações, mas em todos os sentidos. Desejar ocupar os primeiros lugares, receber cumprimentos cerimoniosos, usar roupas luxuosas, ser chamado por títulos honoríficos, tudo isso deverá estar longe do coração e da vida do autêntico discípulo.
Os discípulos estão seguindo Jesus, porém estão buscando poder, lugar de honra, destaque. Ele os adverte “entre vós não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todo”. Quem quiser ser o grande deverá ser o servo de todos; aquele que quiser ser o primeiro deve buscar ser o último.
Jesus revela sua verdadeira identidade: Servo. Disse ele: o Filho do homem veio para servir, dar a vida em resgate para muitos. Servir e dar a vida. Jesus sendo Deus se fez servo. Veio para doar, dar-se inteiramente em amor para resgatar o ser humano, entregue ao egoísmo, a busca desenfreada pelo poder, que fere, mata e destrói a fraternidade entre os homens. Diante do pedido dos filhos de Zebedeu que queriam sentar um a direita e outro a esquerda de Jesus, ele indica o caminho: SERVIR. O servo está sempre disponível, acessível ao seu senhor, de prontidão. Jesus condena a atitude dos mestres que permitem ou até exigem que seus discípulos lhes lavem os pés, ao contrário será ele a lavar os pés dos discípulos. Inclusive irá vivenciar isso de modo excepcional na cruz, quando nos lavará a todos do pecado.
Como poderemos ser servos? De que maneira? Se você é casado, não se considere superior ao seu cônjuge; se desempenhas uma profissão de prestígio, não se considere superior aos outros; se você é comerciante, não procure visar só seu lucro, mas apresente boa mercadoria e com preço justo; se você é um religioso, seja acessível, disponível, simples e misericordioso no trato com os fiéis; enfim, o cristão segue em tudo a pessoa do Mestre.
Devemos aprender com o episódio dos filhos de Zebedeu. Pelo batismo Deus nos introduziu em uma nova sociedade. É necessário permitir ao Espírito Santo que construa em nossa vida um novo homem, uma nova mulher. Nossa alegria deverá estar não em posicionamentos de honra segundo este mundo caduco, mas com o mundo dos ressuscitados no batismo. Aceitar beber o cálice de Jesus, receber o seu batismo significa aceitar sofrer por causa da justiça, da verdade, pela construção de uma nova humanidade.
Jesus sendo de condição divina tomou o lugar de escravo. Deus elevou-o e deu-lhe um nome que ultrapassa todo o nome. Jesus não prega o abaixamento pelo abaixamento. Quem escolhe o serviço é elevado por Deus ao lugar de "grande", Deus dá o primeiro lugar a quem escolheu o último. É Deus que altera as situações que o homem, na sua liberdade, escolhe para ser verdadeiro cidadão do Reino de Deus.
Padre Reginaldo José da Silva
Cura da Catedral de Guaxupé
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