O CORAÇÃO DISTANTE DE DEUS SE FECHA E SE TORNA VIOLENTO (Mc 12,1-12)

O evangelho relata a denuncia de Jesus, ao contar a parábola dos vinhateiros maus. A parábola nos revela que no homem existe um instinto de perversidade, de violência e da hostilidade. Seria ingênuo e perigoso negá-lo. Os vinhateiros que agarraram, espancaram, apedrejaram e mataram os empregados são revelação da hostilidade que, muitas vezes, faz ninho dentro do nosso coração. Quando o coração está fechado a Deus, os três maiores pecados vem a tona e destroem, a fraternidade, e gerando violência. São os três pecados: egoísmo, a ganância e a cobiça. É a presença do pecado, de difícil compreensão para as pessoas de nosso tempo, que não chegam, por vezes, nem mesmo a admiti-lo.
A parábola nos revela apesar do fechamento do homem, o rosto de um Deus misericordioso, compassivo e paciente. Ele nos convida a vestirmos uma atitude da não violência e da não vingança. O homem no que tem de espiritual é não violento, pois a não violência é uma qualidade de coração. No momento em que ele se torna consciente do espírito interior, não pode permanecer nele a violência. O ódio que se opõe ao ódio consegue apenas aumentar a profundeza do ódio e da violência. O homem só pode fazer cessar a violência no momento em que ele voltar a ser filho (a) de Deus de misericórdia, pois o fato decisivo é sempre a graça de Deus.
Muitas vezes, como os dirigentes de Israel na época, pretendemos construir nosso edifício de vida prescindindo da pedra angular que é Jesus Cristo. Ao prescindirmos da pedra angular, nossa vida não vai chegar a um final feliz e glorioso. Porque Jesus Cristo é a nossa pedra angular que sustenta e suporta toda a nossa vida até o final feliz na comunhão eterna com o Deus de misericórdia.
Os dirigentes compreenderam o sentido da parábola e a denúncia que Jesus fez deles, mas isso longe de fazê-los refletir e parar para mergulhar na verdade da denúncia; pelo contrário, a denúncia os incita a usar violência. A verdade nunca é o critério de sua ação, mas eles fizeram tudo em função da sua própria segurança.
Não estamos livres deste modo de agir. Muitas vezes, em função de nossa própria segurança, deixando de lado a verdade, pisamos sobre os outros até os eliminamos de nosso relacionamento ou até de nossa vida.
O dono da vinha que é figura de Deus espera de cada um de nós frutos e ele espera frutos bons de nossa vida até o último segundo de nossa vida. Não importa se muitos ou poucos, mas que a nossa vida produza fruto. Por isso, a fé, a oração e o culto que temos devem transformar-se em frutos para não frustrar o Senhor quando vier ao nosso encontro. Ser cristão praticante não deve ser motivo de orgulho que pode se transformar em arrogância e superioridade, mas de fértil responsabilidade cristã.
Não nos fechemos à graça divina! Caso contrário, nos tornaremos vinhateiros maus, que querem usurpar o que não nos pertence. A vinha, isto é o povo é de Deus, somos servidores da vinha, e não donos.
Padre Reginaldo José da Silva
Cura da Catedral de Guaxupé
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